quinta-feira, 15 de outubro de 2009

ROMERO




Romero foi o único projeto baiano contemplado na última edição (2009) do edital de produção de curta-metragem do Ministério da Cultura, que previa o apoio à produção de 20 obras cinematográficas inéditas de curta metragem, de ficção ou documentário. 

Seguindo uma linha específica do policial, Romero assume o estilo noir, surgido nos Estados Unidos, em uma época em que a depressão Pós-Guerra marcava com pessimismo o povo norte-americano e a grande quantidade de artistas e cineastas que fugiam do nazismo migrando para o país. Por isso, dentre as características mais comuns do estilo, percebia-se o clima de cinismo, paranóia e desconfiança por parte das personagens. A fotografia em P&B, com alto contraste de luz e sombras e características marcadamente inspiradas no expressionismo alemão, escola popular na época. Crime, dualidade e fraqueza moral fazem parte das tramas, além da típica femme fatale, do policial corrupto e, sobretudo, do detetive particular, que abraçaram de uma vez por todas o cinema mundial.

Procurando trazer essas características para a nossa realidade, o curta-metragem apropria-se, em sua trama, de elementos que vemos nos noticiários do dia a dia e fizeram parte da concepção do estilo noir: Descasos, assassinatos, ambigüidade, impunidade, corrupção moral e social. Lidando com tudo isso, o protagonista, o detetive Romero, é calcado na tradição do estilo, buscando sua representação mais icônica e universal, a do anti-herói que permeia as fitas policiais, inserida na nossa realidade. O detetive durão, o investigador solitário que traz o seu próprio senso de justiça e conduta moral.

Uma das grandes motivações e desafios de Romero é poder trabalhar com determinadas características do noir, em um contexto totalmente diferente. O estilo apresenta uma ambientação bastante distinta, com locações urbanas, o submundo, a vida noturna. O contraste com o próprio senso comum do que a cidade do Salvador representa é flagrante: Salvador, a cidade do sol, das praias e do mar, vai se tornar, em Romero, a cidade das sombras, do contraste do claro e escuro, o arquétipo da cidade noir. A cidade da alegria, dos turistas e do carnaval vai mostrar seu outro lado, o lado mais obscuro. 

Trata-se de um filme de gênero, que tem o intuito de, antes de mais nada, proporcionar entretenimento genuíno para o espectador.